sexta-feira, 20 de novembro de 2009

GESTÃO AMBIENTAL, O EMPREGO VERDE

Ainda ocorre de forma timida a percepção que vivemos sobre a superfície de uma esfera, flutuando no espaço, envolta numa tênue camada de gases com recursos limitados e aquecidos por uma estrela. Somos todos moradores de uma casa cuja habitabilidade é mantida por meio de uma sofisticada combinação de fatores montada por acoplamentos de vários sistemas que se interligam e se complementam. Para se viver em um lugar assim, tem-se que ajustar-se a leis, a princípios e a limites.
Essa falta de percepção catalisa uma irresponsabilidade coletiva que se cristaliza quando uma indústria faz as suas descargas aos domingos para fugir da fiscalização; quando uma siderúrgica alimenta os seus fornos com carvão obtidos por meio da destruição da mata nativa; (às vezes, acoplado ao trabalho escravo ou o infantil); quando alguém compra os produtos dessa siderúrgica; quando os índios são tapeados com bugigangas para retirada predatória das madeiras de suas reservas; quando alguém compra essas madeiras; quando se provocam incêndios florestais para abrir áreas para pastagens; quando se compram bois dessas passagens; quando se consome essa carne nas churrascarias; quando se vendem milhares de motos e carros sem preocupação com os seus transtornos; quando agentes ambientais são assassinados no comprimento de suas missões; ou quando nos omitimos em tudo isso. Cada um tem a sua justificativa pronta. Inabalável.
O que impulsiona as ações sócio-ambiental não são as regras do mercado, tampouco o aroma dos lucros emanados dos sistemas financeiros lubrificados pela engenharia de especulação. É a ausência dos valores humanos, da ética e dos sentimentos que deveriam orientar a espécie humana. A ausência desses elementos nos afasta da concepção dos mistérios da vida e permite surgir e crescer novas ópticas que geraram modelos como os vigentes, formando uma sociedade que ninguém gostaria de ter criado.
Sem esses elementos não há possibilidade de sustentação, não há tecnologia que possa suportar a nossa ignorância. Não há recursos naturais capazes de satisfazer tal altivez, tal apetite voraz por lucro e poder. Entretanto, a própria complexidade criou uma grande oportunidade de evolução. A febre do planeta escancarou os erros que causaram os sintomas de uma doença que pode se tornar cada vez mais grave, mais também apontou os caminhos para a cura.
O advento da Rio 92, no Rio de Janeiro, da Rio + 10, em Johannesburgo, do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, foram fatores chaves de que não há possibilidade de construção de um mundo justo e saudável – social, econômica e ambientalmente – se a questão da sustentabilidade não for incorporada na gestão das organizações e do próprio Estado. Embora seja definir o que é sustentabilidade, é bastante claro o que é sustentável: a pobreza, a deterioração ambiental, o desperdício e a violência não são sustentáveis. Então, ao constatar o mundo que nós não queremos, torna-se possível vislumbrar o mundo desejado. Porque, se não há um consenso sobre o que é sustentabilidade, é possível, por outro lado, criar pactos que disciplinem normalizem e limitem a insustentabilidade.
Esse novo pensamento precisa ser acompanhado de uma mudança de valores, passando de da expansão para a conservação, da quantidade para a qualidade, da dominação para a parceria, o novo pensamento e o novo pensamento de valores juntamente com praticas novas constituem o que denominamos de o “novo paradigma” com reflexos imediatos. O novo paradigma pode ser denominado como uma visão do mundo holística – a visão do mundo como um todo integrado, e não como um conjunto de partes dissociadas.
A expansão da consciência coletiva em relação ao meio ambiente e a complexidade das tais demandas ambientais que a sociedade repassa às organizações induzem um novo posicionamento por parte das organizações frente a tais questões. Tal posicionamento por sua vez, exige gestores empresariais preparados para fazer frente a tais demandas ambientais que saibam conciliar as questões ambientais com os objetos econômicos de suas organizações empresariais.
Para a gestão ambiental, para um desenvolvimento que seja sustentável, econômica, social e ecologicamente, precisa contar com executivos e profissionais nas organizações públicas e privadas, que incorporem tecnologia de produção inovadora, regras de decisão estruturadas e demais conhecimentos sistêmicos exigidos no conceito em que se inserem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

DIAS, Genabaldo Ferrira. Crônica, Ética e sustentabilidade socioambiental. Revista Ibama Ano II - nº 04 Outubro de 2008.
TACHIZAWA, Takeshy. Gestão ambiental e responsabilidade social corporativa: estratégias de negócios focadas na realidade brasileira. 2 ed. São Paulo: Atlas. 2004. 339p.
YOUNG, Ricardo. Seminários temáticos para a 3ª Conferência Nacional de C.T&I. Dilemas e avanços da responsabilidade social empresarial no Brasil – o trabalho do Instituto Ethos.

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